#estetextoépuraficção
Quando dei por mim, estava sentada num banco de jardim, num sítio completamente estranho e sombrio. Sentia a cabeça vazia de qualquer memória. Não sabia quem era, onde estava, nem como lá tinha chegado.
Quando dei por mim, estava sentada num banco de jardim, num sítio completamente estranho e sombrio. Sentia a cabeça vazia de qualquer memória. Não sabia quem era, onde estava, nem como lá tinha chegado.
Confusa, dei por mim a olhar para os meus pés e reparei que estavam desnudados. Como era isso possível, eu tinha saído de casa descalça? De imediato, entrei em pânico e tentei levantar-me para sair daquele lugar assustador e desconhecido, mas não o consegui fazer... estranho, eu não estava presa ao banco com cordas, correntes ou algemas, no entanto não me consegui mover. Nesse momento, senti a minha ansiedade a emergir das profundezas e a cada segundo que passava a situação agravava-se.
O que eu mais queria era sair dali, mas não estava a conseguir. Mais parecia um pesadelo, mas como o poderia ser? A minha aflição era tão grande, que se fosse um pesadelo, eu teria acordado.
Em pleno ataque de pânico, sentia-me cada vez mais fraca, com os sentidos a desfalecerem, já via a morte diante de mim. Não estava a ser objectiva ou racional, não o conseguia... só pensava que aqueles eram os meus últimos minutos de vida e estava ali sozinha, num sítio estranho... de repente, senti um aperto no peito, a visão ficou turva e caí para o lado inanimada.
Ao voltar a mim, reparei que continuava sentada naquele banco de jardim, mas agora sem ansiedade ou pânico, sentia uma espécie de conforto e segurança. Contudo, continuava sem me lembrar de quem era, o que estava ali a fazer ou como tinha lá ido parar. Mas, aquele sentimento de segurança deu-me outro ânimo e levou-me a ver tudo com muito mais clareza.
Foi então, que comecei a observar o que estava em meu redor. O que no início me pareceu estranho e sombrio, não passava de um jardim maravilhoso, posso afirmar, que era o jardim do éden repleto de belas flores e árvores majestosas. No entanto, para além de mim, não havia vivalma.
Repentinamente, olho para os meus pés e reparo nas belas sandálias vermelhas, que tinha calçadas. Fiquei cheia de vontade para explorar aquele recanto da natureza e levantei-me.
Como podia eu ter-me levantado, se ainda à pouco o não conseguia fazer? Envolvida nesse pensamento, acordei... olhei para o lado e reconheci o meu quarto, respirei de alívio.
Tudo não passara de um sonho, fui à cozinha beber um pouco de água. Mas, assim que abri a porta do quarto vejo que estava de novo naquele maldito jardim. Em pânico gritei e desatei a correr, a correr, a correr sem olhar para trás... com os olhos encharcados em lágrimas, cansada, desesperada, não conseguia sair daquele lugar. As forças abandonaram-me e acabei por cair, como se caísse de um precipício, numa queda sem fim, acabei por fechar os olhos e desisti.
Entretanto, abri de novo os olhos e pude verificar que tinha voltado ao mesmo banco de jardim, olhei para os pés e estava de novo descalça... o pânico voltou, o coração acelerou, o medo tomou conta de mim, a confusão instalou-se.
Gritei, gritei, gritei até me faltar a voz, mas ninguém veio, ninguém me salvou... só me restava ficar ali, prisioneira daquele banco de jardim.
Isto foi mesmo um sonho mau ou apenas um exercício de escrita? Agora até eu fiquei aflita.
ResponderEliminarBeijinho
Isto é apenas ficção, uns rabiscos que ando a escrever... mas, posso dizer que contém duas coisas que já fizeram parte dos meus pesadelos...
EliminarFico mais descansada. :-)
EliminarFico feliz por este texto ter transmitido algo, como aflição... eu escrevo sempre com a esperança que as minhas palavras provoquem sensações ;)
EliminarPor vezes ficamos presos em momentos e lugares. Tens muito talento.
ResponderEliminarMuito obrigada. Já me aconteceu ficar prisioneira de um momento, que não foi nada agradável. É daí que vem a minha inspiração.
EliminarEste teu texto ficcionado encaixa-se no meu pesadelo acordado que são as crises de ansiedade, em que me sinto completamente incapaz de qualquer tipo de controle emocional... e no meu pesadelo adormecido de sonhar estar em qualquer lado e ao querer ir embora não tenho sapatos... a nossa mente é capaz de fazer de nós, o mais feliz, e o mais sofredor...
ResponderEliminarBeijos
E eu sei disso na primeira pessoa, por isso é fácil passar para a ficção, emoções verdadeiras.
EliminarJá tinha comentado este texto...
ResponderEliminarMais uma vez digo que tens uma inspiração preciosa para escrever, e não a deves descurar!
Esse texto faz-me lembrar os pesadelos constantes em que vivo presa, transmite muita emoção, faz-nos pensar... Espero ler mais textos teus! De reflexão e algo filósofos?...
Este texto aparece de novo aqui, porque mudei isto tudo, outra vez, e não queria que ele desaparecesse.. quando escrevo qualquer coisa é para provocar algo em quem lê. Obrigada.
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